porrada!

ainda estou vivo! acabo de chegar da rua. ou seria do inferno. um lugar nunca antes visitado... por mim. merda! meu corpo sente as dores. minhas mãos, meu rosto. ainda estão sujos. de sangue. de suor. e pó. virei pó. um corpo moído. nunca me senti tão fraco. ainda estou ofegante. uma pausa. um respiro. um trago. no cigarro. outro na bebida. mas que merda!. só tenho leite em casa. preciso ir ao mercado. mas agora não. hoje não. amanhã não. essa semana não. não. não. não. não vou sair de casa. mais uma vez, merda! para onde estou indo. para onde minha vida vai. preciso pensar. preciso parar. preciso contar. esse será meu registro. preciso escrever agora, enquanto a memória ainda responde. eram três. deve haver alguma relação. me seguiram. devem saber onde ela está. eu percebi que me seguiam. será que ainda está viva? não podia fugir do jogo. já se vão dois meses desde a última vez que a vi. precisava saber até onde ia minha valentia. continuei andando. andando. entrei em um bar. pedi uma bebida. um gole só. pedi outra. eles estão me esperando lá fora. outro gole. mais uma, por favor! e outra. outra. agora sim. ninguém me segue. ninguém me segura. ninguém me dá medo. sigo a seta. vou para casa. dobro a esquina. esquina torta. FILHOS DA PUTA!!! caí no chão. não vi mais nada. senti tudo. soco. pontapés. ponta dos pés. na barriga, na cabeça, nas pernas. não falavam. eram máquinas. era automático. muito simples. fiquei com medo. muito medo. pensei na morte. pensei em meus pais. lembrei da primeira vez que apanhei. soltei um sorriso. que virou gargalhada. a força dos golpes aumentaram. apaguei. foram segundos. devem ter sido. me arrastei. sentei no meio fio. não havia ninguém por perto. sem reação. cidade vazia. voltei a deitar. mal conseguia respirar. tempo passou. fiquei parado até ter força. até conseguir me arrastar. três quarteirões. cheguei. estou aqui. vivo/morto. não sei. chuveiro. água fria. escorre pelo meu corpo... dorme!

quem são eles? o que sabem sobre mim? há alguma relação com a orelha? com as cartas? com ela?

aos poucos contarei aqui tudo o que vem acontecendo em minha vida nos últimos meses. toda a história. também falarei um pouco sobre mim. afinal, começo a ser o personagem principal dessa história. já não sei mais o que realidade e o que é ficção. por enquanto, só tenho a dizer que a dor é grande.

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