E o paraíso

Três minutos. Últimos preparativos. A platéia ávida. Esperando o momento que Lady Gezebel suba ao palco. E dance, mas mais do que dance, tire sua roupa. Mostre seu corpo. Que longe de perfeito, exibe pequenos peitos, embora durinhos, assim como sua bunda. Mas e daí. Contando que mostre sua buceta. Ah, que buceta! Apertadinha. Com uma penugem bem ralinha, curtinha e na qual, com certeza, deve passar água oxigenada. Só assim para ficar... assim.

Dois minutos. E essa porra de sapato com tantos fios para amarrar. Por que não usar nada mais fácil, ou entrar nua de uma vez? Mas não, me querem nessas fantasias, para no fim gozarem de prazer ao verem o que tenho por debaixo da roupa. Querem meu corpo! Todos, homens comuns com desejos comuns.

Um minuto. Eva, Eva. Já! Vamos logo Eva, caralho! Já está na hora, estão te esperando. Tô indo, porra. O quê? É isso mesmo. Só não te meto a mão porque já vai subir no palco. O Cú. Você não me mete a mão porque sou a grande atração desse seu showzinho. Cadela! Como a tua mãe. Vagabunda! Como tua ex-esposa, que te deixou para ficar com uma striper... sua,ainda por cima. Tá,vai lá e não enche.

Já fazem quase três meses que decidi seguir esse oficio. Minha missão é ser striper. Provocar a tentação. Mostrar aos homens que são apenas homens. Deus me fez esse pedido. Um pedido santo. Em troca O terei. Uma troca. Dou a nudez do meu corpo e recebo um lugar ao Seu lado no Paraíso. Um lugar que já foi meu.

O pedido foi feito em Sua casa. Numa igreja, durante a reza aos pés do altar, vi que o Padre me olhava com desejo... A cada reza eu ia com uma roupa mais ousada. Percebendo que eu já havia notado seus olhares, se aproximou. Em meus ouvidos disse que deixaria sua santa profissão para me enrabar. Não, não fiquei assustada. Compreendi tudo naquele momento.

Enquanto me fode, Paulo, o padre, diz que estou no caminho iluminado. Enquanto me come, fala que devo me orgulhar pelo Senhor ter me escolhido. Após o fim do coito, para finalizar o ato, Paulo nos lava com água benta. Limpa posso ir fazer o meu trabalho. Estou no caminho de Deus. Meu Senhor. Amém.

4 comentários:

Cesar disse...

Sagrado e profano.

Maria Fulana disse...

E a linha que os separam é tão tênue, que frente e verso ficam do mesmo lado.

Cesar disse...

Se os padres pudessem extravasar a energia como no texto, e não com menininhos na sacristia, os dois lados se fundiriam. Muito mais prático. Muito menos hipócrita.

Maria Fulana disse...

Amém!